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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Para dar ordem aos depoimentos de testemunhas da boate Kiss, em Santa Maria

Uma nova metodologia está sendo aplicada pela Polícia Civil para sistematizar os mais de 300 depoimentos já tomados de testemunhas da tragédia na boate Kiss. Considerada fundamental para a conclusão do inquérito, a estratégia é resultado da iniciativa de uma delegada que assumiu a missão de ouvir vítimas e suspeitos e garantir que nenhuma informação importante se perca em meio a pilhas e pilhas de papéis timbrados.
_ Decidi que tinha de ajudar de alguma maneira, então liguei para o delegado regional (Marcelo Arigony, que comanda as investigações) e disse: "Chefe, para onde eu vou?"_ relata Luiza Sousa, especializada em Ciências Criminais.
Enquanto os colegas se desdobravam para agilizar a identificação dos mortos, a delegada foi até a 1ª DP e começou a atuar nos bastidores, tomando os primeiros depoimentos. O principal desafio foi definir a técnica adequada para sistematizar as falas e domar o inquérito, que deve atingir a marca das 5 mil páginas. Para garantir que nada se perca, Luiza criou um método próprio.
A técnica inclui a divisão das testemunhas em quatro grupos, de acordo com o seu envolvimento na tragédia _ sobreviventes, bombeiros, fiscais da prefeitura e personagens-chave, que incluem os donos da boate e os músicos da banda. Para cada categoria de depoente, uma lista fixa de perguntas. O material está sendo tabulado, permitindo aos policiais saberem exatamente quantas pessoas viram o início do fogo, onde estavam e como foi a saída. A estratégia permite a criação de um banco de dados que servirá de base para a redação do relatório final do inquérito, onde serão apontadas as responsabilidades.
Mas qual a relevância de ouvir tantas pessoas que falam sobre o mesmo fato? Para a polícia, a repetição de relatos ajuda na reconstituição detalhada. O rol de testemunhos tem ainda uma outra função: dar respaldo às conclusões dos delegados.
_ Esse organograma é imprescindível _ avalia o delegado Sandro Meinerz.
 
Fiscal irmão de sócio da Hidramix será ouvido nesta segunda

Entre as cerca de 200 pessoas que ainda devem ser ouvidas pela polícia nesta semana, antes que o inquérito, ou parte dele, seja remetido ao Ministério Público (MP), estão a secretária de Finanças, Ana Beatriz Barros, o fiscal Silvio Silveira Souza e o prefeito Cezar Schirmer.
As datas dos depoimentos de Ana e Schirmer não foram confirmadas, mas Souza deve ser ouvido nesta segunda-feira, às 14h. Ele deve falar sobre fiscalizações feitas na boate, além de sua relação com a Hidramix, empresa do ramo de prevenção de incêndio contratada pela Kiss em 2012, da qual seu irmão, o sargento do Corpo de Bombeiros Roberto Flavio da Silveira e Souza, é sócio. A Hidramix é investigada pelo MP desde 2011 e agora pela Polícia Civil, que quer saber se pode ter havido algum tipo de facilitação ou tráfico de influência já que a empresa de um bombeiro fez obras na boate, que deveria ser fiscalizada pelos próprios bombeiros.
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