O técnico Alex Guinone Pedraza, de 33 anos, foi preso na terça-feira, 17, e está na carceragem da cadeia pública de Suzano, na Grande São Paulo, por suspeita de matar a namorada, a auxiliar de enfermagem Dina Vieira da Silva, de 42 anos, e os quatro filhos dela, de 6, 11, 12 e 16 anos. Seus corpos foram encontrados dentro de um apartamento em um condomínio fechado em Ferraz de Vasconcelos, no início da madrugada de terça. A principal hipótese investigada é de envenenamento.
Policiais dizem que a mulher já teria registrado queixas por agressão contra o Pedraza, de nacionalidade boliviana - no nome dele consta uma condenação por furto. Em sua versão, o acusado conta que ligou para a casa de Dina, mas não conseguiu falar com ninguém. Ele foi até o Complexo Parque dos Sonhos, onde moram 2 mil famílias, e entrou pelo portão dos veículos, quando um carro saía. Segundo a versão do homem, ele tocou a campainha do apartamento número 5, no térreo, e ninguém atendeu. Ao dar a volta, viu pela janela o corpo de duas crianças. Então, com a ajuda do subsíndico e de outro morador, arrombou o apartamento, à 0h30.
Na sala foram achados os corpos de Vitória Cristina Vieira da Silva, de 6 anos, no chão, usando uma camiseta e sem calcinha. Ao lado dela, no sofá, usando calcinha e camiseta, estava Caroline Laura da Silva Lopes, de 11. No quarto foi achada Dina, também sem a parte de baixo da roupa. No banheiro estava a filha mais velha, Karina Rosa da Silva Lopes, de 16 anos, nua. No outro quarto estava o único menino, Carlos Daniel da Silva Lopes, de 12 anos, na cama e enrolado em um cobertor.
"Havia fezes e vômito por toda a casa", conta um morador que se identificou apenas como Daniel. Ele ajudou Pedraza a arrombar a casa e disse que o boliviano aparentava estar alcoolizado. "Ele ficou lá, dizendo 'minha esposa, minha esposa."
A polícia encontrou no local uma jarra contendo um líquido amarelado, um recipiente com pedaços de bolo e uma panela de pressão com sopa. Os alimentos passarão por perícia, assim como o sistema de gás.
Pedraza disse à polícia que a família fez uma festinha no domingo e que as crianças teriam reclamado do gosto de um dos alimentos. A polícia não detalhou se ele comeu os mesmos alimentos e se uma quinta criança, que seria filha dele com Dina e viveria com o boliviano em São Paulo, esteve presente no domingo.
Choro. Vizinha das vítimas, Ariane Santos da Silva, de 27 anos, contou ter visto as crianças na piscina no domingo. Na manhã de domingo, por volta das 7h, ouviu um choro alto de criança. Além desse som, ela ouviu barulho parecido com o de um chuveiro.
Pedraza havia passado o dia com a polícia na terça. Ao chegar ao condomínio em uma viatura, escondeu o rosto. Depois passou por exame de resíduos sob as unhas e lesões. À noite, foi para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, e transferido ainda na terça para a cadeia pública de Suzano.