Um cavalo de pau interceptando um Gol branco na Avenida Campos Novos, em Itajaí foi a última manobra do cerco montado pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) para prender Simone Saturnino, 31 anos.
Foragida desde o último sábado, a mulher de Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, membro do Primeiro Ministério do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) e líder do tráfico de drogas no Morro do Horácio, em Florianópolis, foi presa às 17h30min desta sexta-feira.
No volante da viatura da Deic, mesmo com uma lesão na perna que o obriga a andar temporariamente de muletas, o agente Christian Cardoso fez a manobra radical que parou a avenida e mobilizou a atenção dos que passavam por ali.
Christian, o delegado que coordenou a prisão, Antonio de Seixas Joca, o agente Ricardo Cavalcanti e outros dois policiais cercaram o veículo com película e placas de Itajaí. Lá dentro, Simone e duas amigas levantaram as mãos para cima.
— Você é a Simone? — perguntou Joca.
— Sim — respondeu a mulher de Rodrigo, sem oferecer qualquer resistência.
As três amigas tinham saído de casa para dar umas voltas pela cidade. Em um determinado momento, perceberam um carro estranho bem atrás delas, com as janelas fechadas. Acharam que era a polícia. E era.
As amigas tiveram tempo de despistar os policiais, mas não acreditaram na própria intuição e continuaram o passeio. Os policiais tinham perdido o Gol de vista por alguns momentos, únicos instantes em que as três poderiam tentar uma fuga.
Três dias de campana
A informação de que Simone estaria escondida no Bairro Rio Bonito, em Itajaí chegou para a Deic na quarta-feira, mesmo dia em que ela teria ido para a cidade depois de ficar escondida em uma casa em São José, na Grande Florianópolis.
Responsável pelos "alvos" do Morro do Horácio, o delegado Joca montou campana na própria quarta-feira. Os cinco policiais em duas viaturas esquadrinharam as ruas do bairro.
Até que viram entrando em uma das casas a esposa de um integrante do Segundo Ministério do PGC, transferido para a Penintenciária Federal de Mossoró, no sábado, no mesmo avião que Rodrigo da Pedra.
A amiga de Simone foi seguida e vista entrando e saindo da mesma casa várias vezes durante os três dias. Na garagem da casa, o Gol branco.
Durante a campana, os policiais se revezavam para buscar lanches e dormir períodos de duas, três horas nas próprias viaturas. Simone também mal conseguiu dormiu nestes dias de tensão, escondida na casa da amiga.
Quando as três saíram nesta sexta-feira à tarde, os policiais conseguiram ver apenas que eram mulheres. Não reconheceram Simone por causa da película. As duas viaturas seguiram o Gol. Às vezes a dois metros de distância. Outras, a 200 metros.
Quando o carro retornava para casa, Simone foi vista no banco de trás. O Gol parou no sinal e acabou cercado. Simone foi para Florianópolis algemada, em viatura separada das amigas. Elas só se reencontraram na cela da Deic.
As duas amigas foram liberadas depois de assinarem um Termo Circunstanciado por favorecimento pessoal. Do outro lado da rua, encontraram a família de Simone. Uma delas deu um longo abraço em uma das familiares e chorou.
— Estão falando muita mentira. Queremos a verdade. Até que se prove o contrário, Simone é inocente — disse a família.
Seis dias foragida
Na Deic, Simone recebeu a visita do advogado e lhe entregou uma corrente de ouro e sua aliança, que simboliza uma relação de amor ainda não foi oficializada. O advogado entregou as joias para o irmão mais novo de sua cliente. Ele comprou um sanduiche e uma lata de coca-cola para a irmã, que só tinha tomado o café da manhã.
Com uma toalha cor de rosa cobrindo o rosto, os longos cabelos loiros e vestindo blusa bege de crochê e short jeans, Simone Saturnino deixou o prédio da Deic, em Florianópolis, às 21h50min desta sexta-feira.
Com escolta da Deic e de duas equipes da Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope), ela foi transferida para a mesma unidade onde está presa sua mãe, o presídio feminino de Jaraguá do Sul.
Foi uma das prisões mais aguardadas pelas polícias civil e militar nesta segunda onda de 112 atentados oficiais em Santa Catarina. Parte da ofensiva do Estado contra os ataques foi a Operação Salve Geral da Deic, organizada para cumprir 97 mandados de prisão, no último sábado.
Estava amanhecendo quando policiais da Deic com apoio de outros policiais civis subiram o morro para prender Simone. A mãe e a irmã dela foram detidas temporariamente. O irmão mais velho, Maykon Saturnino fugiu e foi preso quatro dias depois.
Quando os policiais chegaram na casa de Rodrigo da Pedra, os lençois da cama de Simone estavam desarrumados. Ela tinha acabado de fugir levando pouco mais que duas mudas de roupa. Soube 15 minutos antes que a polícia estava chegando.
Contraponto do advogado de Simone, Francisco Ferreira:
"Ela está abalada, embora esperasse ser presa. Estava esperançosa de que, antes de ser presa, a defesa pudesse interpor alguma medida judicial, como um habeas corpus, por exemplo. Como se trata de uma prisão temporária (30 dias) e que ainda há a necessidade de se estudar de forma mais aprofundada as provas até agora reunidas no inquérito e que, como se sabe, são baseadas em interceptações telefônicas e depoimentos sob proteção do provimento 14 (pessoas que testemunham sem revelar a identidade), é mais prudente e tecnicamente recomendável que se aguarde o desenrolar das investigações".
O que diz a Deic:
Maycon Saturnino_É investigado por tráfico de drogas e participação nos ataques. A Deic diz que tem provas robustas contra ele.
Mulher de Rodrigo_ Está foragida. É investigada por ser mandante de ataques na Capital, tráfico de drogas, associação ao tráfico, corrupção de menores, formação de quadrilha e dano ao patrimônio. A Deic diz que tem provas robustas contra ela.
Mãe de Simone_É investigada por tráfico e associação ao tráfico.
Irmã de Simone_É investigada por tráfico e associação ao tráfico.
Foragida desde o último sábado, a mulher de Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, membro do Primeiro Ministério do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) e líder do tráfico de drogas no Morro do Horácio, em Florianópolis, foi presa às 17h30min desta sexta-feira.
No volante da viatura da Deic, mesmo com uma lesão na perna que o obriga a andar temporariamente de muletas, o agente Christian Cardoso fez a manobra radical que parou a avenida e mobilizou a atenção dos que passavam por ali.
Christian, o delegado que coordenou a prisão, Antonio de Seixas Joca, o agente Ricardo Cavalcanti e outros dois policiais cercaram o veículo com película e placas de Itajaí. Lá dentro, Simone e duas amigas levantaram as mãos para cima.
— Você é a Simone? — perguntou Joca.
— Sim — respondeu a mulher de Rodrigo, sem oferecer qualquer resistência.
As três amigas tinham saído de casa para dar umas voltas pela cidade. Em um determinado momento, perceberam um carro estranho bem atrás delas, com as janelas fechadas. Acharam que era a polícia. E era.
As amigas tiveram tempo de despistar os policiais, mas não acreditaram na própria intuição e continuaram o passeio. Os policiais tinham perdido o Gol de vista por alguns momentos, únicos instantes em que as três poderiam tentar uma fuga.
Três dias de campana
A informação de que Simone estaria escondida no Bairro Rio Bonito, em Itajaí chegou para a Deic na quarta-feira, mesmo dia em que ela teria ido para a cidade depois de ficar escondida em uma casa em São José, na Grande Florianópolis.
Responsável pelos "alvos" do Morro do Horácio, o delegado Joca montou campana na própria quarta-feira. Os cinco policiais em duas viaturas esquadrinharam as ruas do bairro.
Até que viram entrando em uma das casas a esposa de um integrante do Segundo Ministério do PGC, transferido para a Penintenciária Federal de Mossoró, no sábado, no mesmo avião que Rodrigo da Pedra.
A amiga de Simone foi seguida e vista entrando e saindo da mesma casa várias vezes durante os três dias. Na garagem da casa, o Gol branco.
Durante a campana, os policiais se revezavam para buscar lanches e dormir períodos de duas, três horas nas próprias viaturas. Simone também mal conseguiu dormiu nestes dias de tensão, escondida na casa da amiga.
Quando as três saíram nesta sexta-feira à tarde, os policiais conseguiram ver apenas que eram mulheres. Não reconheceram Simone por causa da película. As duas viaturas seguiram o Gol. Às vezes a dois metros de distância. Outras, a 200 metros.
Quando o carro retornava para casa, Simone foi vista no banco de trás. O Gol parou no sinal e acabou cercado. Simone foi para Florianópolis algemada, em viatura separada das amigas. Elas só se reencontraram na cela da Deic.
As duas amigas foram liberadas depois de assinarem um Termo Circunstanciado por favorecimento pessoal. Do outro lado da rua, encontraram a família de Simone. Uma delas deu um longo abraço em uma das familiares e chorou.
— Estão falando muita mentira. Queremos a verdade. Até que se prove o contrário, Simone é inocente — disse a família.
Seis dias foragida
Na Deic, Simone recebeu a visita do advogado e lhe entregou uma corrente de ouro e sua aliança, que simboliza uma relação de amor ainda não foi oficializada. O advogado entregou as joias para o irmão mais novo de sua cliente. Ele comprou um sanduiche e uma lata de coca-cola para a irmã, que só tinha tomado o café da manhã.
Com uma toalha cor de rosa cobrindo o rosto, os longos cabelos loiros e vestindo blusa bege de crochê e short jeans, Simone Saturnino deixou o prédio da Deic, em Florianópolis, às 21h50min desta sexta-feira.
Com escolta da Deic e de duas equipes da Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope), ela foi transferida para a mesma unidade onde está presa sua mãe, o presídio feminino de Jaraguá do Sul.
Foi uma das prisões mais aguardadas pelas polícias civil e militar nesta segunda onda de 112 atentados oficiais em Santa Catarina. Parte da ofensiva do Estado contra os ataques foi a Operação Salve Geral da Deic, organizada para cumprir 97 mandados de prisão, no último sábado.
Estava amanhecendo quando policiais da Deic com apoio de outros policiais civis subiram o morro para prender Simone. A mãe e a irmã dela foram detidas temporariamente. O irmão mais velho, Maykon Saturnino fugiu e foi preso quatro dias depois.
Quando os policiais chegaram na casa de Rodrigo da Pedra, os lençois da cama de Simone estavam desarrumados. Ela tinha acabado de fugir levando pouco mais que duas mudas de roupa. Soube 15 minutos antes que a polícia estava chegando.
Contraponto do advogado de Simone, Francisco Ferreira:
"Ela está abalada, embora esperasse ser presa. Estava esperançosa de que, antes de ser presa, a defesa pudesse interpor alguma medida judicial, como um habeas corpus, por exemplo. Como se trata de uma prisão temporária (30 dias) e que ainda há a necessidade de se estudar de forma mais aprofundada as provas até agora reunidas no inquérito e que, como se sabe, são baseadas em interceptações telefônicas e depoimentos sob proteção do provimento 14 (pessoas que testemunham sem revelar a identidade), é mais prudente e tecnicamente recomendável que se aguarde o desenrolar das investigações".
O que diz a Deic:
Maycon Saturnino_É investigado por tráfico de drogas e participação nos ataques. A Deic diz que tem provas robustas contra ele.
Mulher de Rodrigo_ Está foragida. É investigada por ser mandante de ataques na Capital, tráfico de drogas, associação ao tráfico, corrupção de menores, formação de quadrilha e dano ao patrimônio. A Deic diz que tem provas robustas contra ela.
Mãe de Simone_É investigada por tráfico e associação ao tráfico.
Irmã de Simone_É investigada por tráfico e associação ao tráfico.
Fonte: Diário Gaúcho