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quinta-feira, 7 de março de 2013

'Mistura pode ter sido fatal', afirma 'Motoboy do YouTube' sobre Chorão

Kleber Atalla, motorista do vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr, afirmou nesta quarta-feira (6) que o músico, encontrado morto em um apartamento de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, pode ter sido vítima da combinação de remédios para dormir e álcool.
Atalla ficou conhecido como o "Motoboy do YouTube" após publicar na internet vídeos no quais aparece dirigindo uma motocicleta. Atualmente, responde inquérito pela morte de um homem atropelado no Centro, enquanto dirigia um carro, e também é investigado por apologia a crimes por causa de seus vídeos.
O motorista, que trabalhava com Chorão havia 10 anos, e um segurança do músico foram os primeiros a encontrar o corpo do cantor na madrugada desta quarta-feira. Após localizar o corpo, os dois avisaram o porteiro e a polícia sobre a morte. Atalla não quis fazer qualquer afirmação sobre o uso de outras drogas quando questionado sobre o pó branco encontrado pela polícia no apartamento.
"Foi encontrada uma substância que ninguém pode afirmar o que era. Junto com essa substância vai ser analisado o que for encontrado no corpo dele. O que posso dizer é que ele usava remédios controlados para dormir e costumava beber. Essa mistura infelizmente pode ter sido fatal para ele: remédio para dormir e álcool significou isso aí. Agora, outra droga realmente eu não te afirmo nada, não posso te falar nada."
Atalla contou que o patrão tomava medicamentos contra insônia e pode ter tido um ataque cardíaco. "Ele era um artista, mas era um cara mortal, comum. Tinha problemas como todo mundo. Tomava remédios para dormir porque sofria de insônia e infelizmente isso deve ter complicado a saúde dele. Ele deve ter tido algum ataque cardíaco porque não acredito que tenha sido outra coisa", disse.
O motorista explicou a dificuldade de acesso ao apartamento e o motivo de Chorão manter-se afastado por longos períodos. Ele disse que Chorão não usava aparelho celular e o imóvel, blindado, não tinha telefone fixo.
A única forma de chamar o músico, de acordo com ele, era pelo interfone, já que nem o motorista nem os demais funcionários tinham as chaves do apartamento. De acordo com ele, Chorão costumava dormir por longos períodos e não gostava de ser incomodado.
"Geralmente quando ocorria isso (dormir por longas horas) ele vinha, falava que estava tudo bem e pedia para a gente ir embora, deixá-lo dormir mais um pouco, não pertubar. Dessa vez, isso não aconteceu", afirmou.
O motorista disse que de maneira nenhuma se sente responsável pela morte de Chorão, por quem procurava desde terça-feira. "Eu trabalho para ele e ele tinha um compromisso comigo hoje à tarde e eu tinha um compromisso com ele desde ontem, mas como é costumeiro ele dormir demais pelos medicamentos e o apartamento tinha portas blindadas, então dificulta o acesso, dificulta o som também", afirmou.
"Eu passei a procurá-lo por volta do meio-dia de terça-feira. Foi feito o primeiro contato pelo interfone. Liguei para o porteiro e pedi para ele dar uma interfonada para ver se ele acordava para eu me dirigir até lá para pegá-lo. Eu tinha meus afazeres e deixei ele dormir porque na hora que ele acorda, ele entra em contato", disse.
Como Chorão não ligou, o motorista foi diretamente ao apartamento, à noite. Ele ligou para outro funcionário, Victor, que mora em Santos. "Por volta das 20h, me dirigi ao apartamento e tentei contato via campainha. Ele não usa telefone e o apartamento não tem telefone fixo. Era costume ele dormir e não acordar com o barulho nenhum. Infelizmente, como não tinha a chave, não pude adentrar ao apartamento. Liguei para o Victor e disse que estava preocupado", contou.
Mais tarde, o segurança lembrou ter uma chave do apartamento. "Pensamos em esperar até o dia seguinte para chamar o chaveiro. Nesse intermédio, ele (Victor) lembrou que tinha a chave e me ligou. Era por volta de umas 23h, meia-noite. Tinha um acidente na serra (entre Santos e São Paulo) e ele só chegou por volta das 4h, passou na minha casa, me pegou e nos dirigimos ao apartamento. Chegamos ao apartamento por volta das 4h30", afirmou.
Atalla disse que ficou em choque ao encontrar o músico no apartamento. "Entramos chamando 'Alê, Alê, Alê' e ele não respondia. Fui entrando no apartamento. Na hora em que eu cheguei na cozinha, me deparei com ele lá, deitado no chão. Não sei te precisar há quanto tempo tinha ocorrido. Foi um choque total, porque ele é meu amigo, meu patrão, meu irmão, meu filho, meu pai. Ele era muito para mim", afirmou.
O motorista relatou o que passou por sua cabeça ao encontrar o corpo do músico. "Pensei que perdi um amigo. Vai ser um amigo a menos que eu tenho. Isso não podia ter acontecido. Perdi algumas pessoas já, mas não uma pessoa tão próxima. Eu e o Victor, a gente tomava conta dele, zelava pela segurança, saúde e bem-estar dele. Infelizmente ocorreu essa tragédia", afirmou.

Músico

O cantor e letrista, que faria 43 anos em 9 de abril, liderava a banda fundada por ele na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 15 anos de carreira, o Charlie Brown Jr lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.
Além de vocalista, Chorão era responsável pelas letras do Charlie Brown Jr e pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2005, o trabalho "Tâmo aí na atividade” foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro, o que se repetiu em 2010 com "Camisa 10 joga bola até na chuva".
No ano passado, o Charlie Brown Jr. lançou "Música Popular Caiçara", álbum ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles haviam deixado o grupo em 2005. As apresentações aconteceram em Curitiba e Santos. A produção do trabalho foi feita por Liminha e os shows contam com a participação de Falcão (O Rappa), Zeca Baleiro e Marcelo Nova. Das 15 faixas do CD, a única gravada em estúdio é "Céu azul".
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr que permaneceu no grupo em todas as suas fases. Paulistano, Chorão adotou a cidade de Santos desde a juventude, onde criou a banda. Seu apelido foi dado ainda na adolescência, quando ele não sabia andar de skate e ficava apenas olhando os amigos. Um deles, então, pediu que o jovem não chorasse. Segundo a GloboNews, a infância e a adolescência de Chorão foram difíceis por conta da separação dos pais, que aconteceu quando ele tinha 11 anos. O músico largou a escola na sétima na série.
Fonte: G1 - Música
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