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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nono suspeito de adulterar o leite se apresenta à polícia em Ibirubá

Um novo suspeito de adulterar o leite se apresentou na delegacia de Ibirubá, no noroeste do Estado, na manhã desta quinta-feira. 
O homem é sócio de uma transportadora de leite e está sendo investigado pela polícia. Na quarta-feira, durante ações da Operação Leite Compen$ado, foram cumpridos mandados de busca e de prisão na empresa da qual o suspeito é sócio. Um caminhão foi apreendido, mas ele não foi encontrado no local. Após ser ouvido, o homem deverá ser encaminhado a um presídio. 
Na manhã de quarta-feira, oito pessoas foram presas. Seis delas continuam com a prisão preventiva decretada. Duas foram liberadas pela polícia.

A operação

Uma operação policial realizada a partir de investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul busca desmontar um esquema de adulteração de leite realizado na metade norte do Estado. A operação Leite Compensado cumpre cerca de 10 mandados de prisão e oito de busca e apreensão estão sendo realizados nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina. 
A investigação, comandada pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal, em conjunto com a de Direito do Consumidor e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, identificou cinco empresas de transporte de leite suspeitas de adulterarem o material antes de entregá-lo às indústrias. 
Segundo apontado pela investigação, depois de pegar o leite com os produtores, os atravessadores adicionariam ureia no leite, a fim de mascararem a adição de água de poço no alimento.
Análises de leite cru identificaram a presença de formol, substância cancerígena contida na ureia, que mesmo depois dos processos de pasteurização continua no produto final. Para lucrar cerca de 10% além dos 7% já pagos sobre o leite cru, algo como R$ 0,95 no litro, essas empresas colocavam, na proporção: um quilo de ureia para 90 litros de água em mil litros de leite. 
A estimativa é de que o esquema tenha fraudado mais de 100 milhões de litros de leite no período de um ano. As amostras foram coletadas no decorrer da investigação em supermercados de Porto Alegre apontaram fraude em 14 lotes de leite UHT. A ureia é adicionada para compensar a perda nutricional, provocada pela adição de água, é que poderia ser identificado em testes realizados pelas indústrias. 
A adição de ureia, que possui formol, no leite é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Também participam da operação a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária. 
Os envolvidos na fraude do leite podem ser punidos, em caso de condenação, em até oito anos de prisão, conforme o advogado Aury Lopes Junior, professor universitário e doutor em Direito Penal. O crime é enquadrado no artigo 272 do Código Penal, como "corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo".

"Vamos propor o fim dos transportadores", diz secretário da Agricultura após operação que revelou fraude no leite

O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, pretende propor à Câmara Setorial do Leite o fim dos transportadores na cadeia de produção do alimento após operação do Ministério Público e Ministério da Agricultura que revelou adulteração com adição de água e ureia ao produto.
Para ganhar mais, os chamados atravessadores adquiriam o leite dos produtores e promoviam a fraude. Ao receber o alimento, por muitas vezes, as empresas não identificavam a adulteração.
— A distorção está em pagar pelo volume do que pela qualidade. Vamos propor à Câmara Setorial do Leite o fim dos transportadores. Que a empresa seja responsável pelo processo de transporte, produção e abastecimento — disse Mainardi em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
O secretário aponta como uma das falhas no sistema de comercialização do leite o fato de o Rio Grande do Sul produzir 10 milhões de litros de leite, enquanto teria condições de processar 18 milhões. Apesar de considerar a fraude "inadmissível", garante que o produto das prateleiras é de qualidade:
— A fraude é praticada por poucos. Não é a regra, e sim a exceção. Não podemos criar um estado de pânico geral, como se todo o leite fosse contaminado.
Mainardi ressaltou também que uma "propriedade certificada é melhor remunerada", defendendo adaptações a exigências técnicas de produção. Ele elogiou a "rapidez" no trabalho do Ministério Público após a secretaria alertar sobre as suspeitas de adulteração no leite ainda no ano passado.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

"Não há motivo para pânico", diz médico sobre leite adulterado

Embora testes realizados por pesquisadores na década de 1980 tenham detectado o risco de o organismo desenvolver mutações que resultem em leucemia ou câncer no trato respiratório por meio da ingestão de formol (formaldeído), doenças só são desenvolvidas depois de exposição prolongada e em níveis "altíssimos". 
— Não há dados de ensaios clínicos que exponham a quantidade segura (de ingestão de formol) no organismo. Em pessoas que tiveram exposição eventual, ou em curto espaço de tempo, não há dano crônico à molécula para que se induza a doença — explica o pesquisador e diretor do Instituto do Câncer Mãe de Deus (ICMD), Stephen Doral Stefani.
Na década de 1980, estudos identificaram o aumento do risco de câncer diante de ingestão de formol (formaldeído) no organismo de animais de laboratório. Naquela época, buscou-se identificar a possibilidade de desenvolvimento de mutações e correlações da doença em humanos que trabalhem expostos à substância.
Água utilizada na adulteração era retirada de poço artesiano, 
em Ibirubá, pelo cano entre os tijolos
Com a Operação Leite Compen$ado, que identificou suposta fraude em lotes de leite produzidos no Rio Grande do Sul, surgiram dúvidas quanto ao efeito do formol no organismo de seres humanos. 
Segundo apontado pela investigação, depois de pegar o leite com os produtores, atravessadores adicionariam ureia no alimento, a fim de mascararem a adição de água de poços artesianos. Análises de leite cru identificaram a presença do formaldeído, substância cancerígena contida na ureia, que mesmo depois dos processos de pasteurização continua no produto final.
— A recomendação é de que pessoas que tiveram exposição façam revisão e acompanhamento clínico com o médico de confiança. Mas não há motivo para pânico — acrescenta Stefani.
Fonte: Pioneiro
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