Testes realizados pelo Instituto-geral de Perícias (IGP) em parceria com o Laboratório Policial de Química Forense da Polícia da Província de Buenos Aires, em La Plata, a 50 quilômetros da capital argentina, não teriam identificado presença de cianeto em quantidade suficiente para matar as vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. O componente químico havia sido apontado pela polícia, que acompanha o caso, como principal causa da morte das pessoas que estavam na casa noturna no dia 27 de janeiro.
Segundo informação apurada por Zero Hora, os exames realizados em 235 amostras analisadas não teriam apresentado quantidades significativas de cianeto. O fato teria sido determinante para o reagendamento da entrega à equipe de médicos legistas dos laudos finais da perícia — um documento relacionado a cada morte, previsto para ser enregue na sexta-feira passada, e a formalização de contraprovas, desta vez em solo gaúcho. Além dos exames para comprovar a presença de cianeto — gás tóxico existente na fumaça emitida pela queima da espuma que fazia o revestimento acústico da boate —, a perícia está testando também a existência de carboxihemoglobina para apurar a presença de monóxido de carbono no corpo das vítimas.
Consultado pela reportagem, o diretor-geral do IGP, José Cláudio Teixeira Garcia, não confirmou a informação e disse que o instituto não irá se manifestar a respeito do assunto até que a investigação seja concluída. Segundo ele, a perícia fala por meio de laudos técnicos, que serão entregues à Polícia Civil assim que a investigação terminar.
Caso a informação seja confirmada, a explicação para o motivo que levou às mortes na boate Kiss pode não mudar. É o que pondera o professor do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP) Miguel Dabdoub. Conforme ele, o gás tóxico que teria sido inalado na casa noturna é o ácido cianídrico que, combinado com elementos químicos no interior do corpo, gera moléculas letais, mas pode não deixar vestígios. Ele explica que o cianeto é um sal formado pela decomposição do isocianato (presente na espuma de poliuretano), e não foi ingerido em sua forma sólida. Na interpretação de Dabdoub, o que teria ocorrido na tragédia de Santa Maria é que as pessoas respiraram o ácido cianídrico, que bloqueia a cadeia respiratória, levando à morte rapidamente:
— Quando são feitas as análises dos corpos, encontram-se substâncias que resultam da combinação do gás com outros elementos químicos. O ácido cianídrico, porém, não fica depositado no corpo em forma de cianeto.
O delegado Marcelo Arigony, que coordena a investigação, informou no domingo que a confirmação ou não do cianeto como causa da morte das vítimas não mudaria de forma drástica a conclusão do inquérito.
— Parece que, juridicamente, não muda muito para a conclusão do inquérito. Mas queremos esclarecer essa questão — afirmou.
Ele relatou ainda não ter sido informado sobre o resultado da perícia.
Diretora clínica do Hospital de Caridade de Santa Maria, Jane Costa salienta que, à medida que houve a suspeita da presença de cianeto no sangue das vítimas, os médicos trataram os pacientes para isso. Segundo ela, como o gás tóxico age rapidamente no organismo, os profissionais não poderiam esperar a confirmação de que a quantidade seria uma dose letal:
— Quando há a suspeita de intoxicação por cianeto, a gente não fica esperando a confirmação de determinada dosagem. As pessoas podem ter morrido por monóxido de carbono ou por cianeto, é o que acontece em situações como aquela.
Até domingo, 31 vítimas da tragédia continuavam internadas em hospitais do Estado.
O laboratório argentino
Segundo informação apurada por Zero Hora, os exames realizados em 235 amostras analisadas não teriam apresentado quantidades significativas de cianeto. O fato teria sido determinante para o reagendamento da entrega à equipe de médicos legistas dos laudos finais da perícia — um documento relacionado a cada morte, previsto para ser enregue na sexta-feira passada, e a formalização de contraprovas, desta vez em solo gaúcho. Além dos exames para comprovar a presença de cianeto — gás tóxico existente na fumaça emitida pela queima da espuma que fazia o revestimento acústico da boate —, a perícia está testando também a existência de carboxihemoglobina para apurar a presença de monóxido de carbono no corpo das vítimas.
Consultado pela reportagem, o diretor-geral do IGP, José Cláudio Teixeira Garcia, não confirmou a informação e disse que o instituto não irá se manifestar a respeito do assunto até que a investigação seja concluída. Segundo ele, a perícia fala por meio de laudos técnicos, que serão entregues à Polícia Civil assim que a investigação terminar.
Caso a informação seja confirmada, a explicação para o motivo que levou às mortes na boate Kiss pode não mudar. É o que pondera o professor do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP) Miguel Dabdoub. Conforme ele, o gás tóxico que teria sido inalado na casa noturna é o ácido cianídrico que, combinado com elementos químicos no interior do corpo, gera moléculas letais, mas pode não deixar vestígios. Ele explica que o cianeto é um sal formado pela decomposição do isocianato (presente na espuma de poliuretano), e não foi ingerido em sua forma sólida. Na interpretação de Dabdoub, o que teria ocorrido na tragédia de Santa Maria é que as pessoas respiraram o ácido cianídrico, que bloqueia a cadeia respiratória, levando à morte rapidamente:
— Quando são feitas as análises dos corpos, encontram-se substâncias que resultam da combinação do gás com outros elementos químicos. O ácido cianídrico, porém, não fica depositado no corpo em forma de cianeto.
O delegado Marcelo Arigony, que coordena a investigação, informou no domingo que a confirmação ou não do cianeto como causa da morte das vítimas não mudaria de forma drástica a conclusão do inquérito.
— Parece que, juridicamente, não muda muito para a conclusão do inquérito. Mas queremos esclarecer essa questão — afirmou.
Ele relatou ainda não ter sido informado sobre o resultado da perícia.
Diretora clínica do Hospital de Caridade de Santa Maria, Jane Costa salienta que, à medida que houve a suspeita da presença de cianeto no sangue das vítimas, os médicos trataram os pacientes para isso. Segundo ela, como o gás tóxico age rapidamente no organismo, os profissionais não poderiam esperar a confirmação de que a quantidade seria uma dose letal:
— Quando há a suspeita de intoxicação por cianeto, a gente não fica esperando a confirmação de determinada dosagem. As pessoas podem ter morrido por monóxido de carbono ou por cianeto, é o que acontece em situações como aquela.
Até domingo, 31 vítimas da tragédia continuavam internadas em hospitais do Estado.
O laboratório argentino
- Ligado ao Ministério de Segurança e Justiça do governo argentino, o Laboratório Policial de Química Forense da Polícia da Província de Buenos Aires foi escolhido porque tem uma metodologia que torna mais rápida a análise, já que o número de amostras no caso de Santa Maria é elevado — 234 de mortos no incêndio e outra de vítima que morreu em um hospital, totalizando 235 materiais para análise.
- Outra razão que confere autoridade ao laboratório é a experiência com a perícia no incêndio do presídio em Santiago del Estero, a 1.150 quilômetros de Buenos Aires, em 2007, quando ao menos 30 detentos morreram.
Fonte: Diário de Santa Maria